sexta-feira, 7 de maio de 2010

Um desabafo

Venho aqui hoje descarregar a minha fúria. Não pude fazê-lo no dia em questão, nem dos dias anteriores, porque as actividades académicas e a queima das fitas não mo têm permitido. É o seguinte:

Porque no Domingo se realizava a cerimónia de imposição das insígnias e eu ia receber a cartola e ser fotografada mil e uma vezes e a coisa é para se estar bonita (mesmo que não se possa usar maquilhagem), eu fui ao cabeleireiro. Estava para cortar o cabelo há já algum tempo, por isso a oportunidade parecia perfeita. O corte pretendido já toda a gente conhece: na diagonal, mais curto atrás que à frente e não muito curto, porque eu tenho horror a cortar o cabelo curto demais. Mas como prevenção eu até fiz um desenho, muito bonitinho para ilustrar exactamente o que eu queria.

Decidi ir ao cabeleireiro com uma grande amiga minha que também é finalista e também queria parecer bem no momento da consagração pública. Estávamos excitadíssimas, afinal somos gajas e as gajas gostam de se arranjar. É de nascença!

Depois de lavado o cabelo, expliquei direitinho à mulher que me atendeu o que eu queria, mostrando-lhe o desenho e entreguei-me nas mãos dela. Ela tremia bastante das mãos, mas parecia saber o que estava a fazer, por isso eu estava relaxada. No final do corte e da secagem, ela vem com o espelho mostrar-me a obra. Desmoronei. Fiquei estática a olhar para aquilo. O cabelo estava tão curto atrás que se notava o bico (passo a expressão) que todos temos no meio da nuca, na linha onde o cabelo acaba. Como se já não bastasse, existia um golpada dada do meu lado esquerdo, por isso a linha de corte estava completamente desalinhada atrás. Mais, atrás o corte foi feito a direito até atrás das orelhas e só depois descia em diagonal, o que me fazia parecer ridícula. Não tive reacção para a altura imediata. Saí do cabeleireiro e tentei acalmar-me com a minha amiga que constatou tudo o que eu sentia quando passava a mão pelo cabelo.

Entrei no cabeleireiro de novo para confrontar a gerente com a situação. Ela olhou, viu, analisou e pediu que eu esperasse. Depois, pediu a uma outra mulher que viesse falar comigo acerca das opções que eu tinha. Eram as seguintes: ou deixava como estava, ou cortava o cabelo todo pela linha de corte traseira (tendo consciência que se notariam de qualquer maneira os erros da outra) ou extensões. A senhora decidiu, na melhor das intenções, cortar pela linha de corte traseira para tentar minimizar o ridiculo da coisa.

Ao ver o meu cabelo cair daquela forma e o meu rosto a ficar maior que o próprio cabelo, não consegui evitar o choro. Não que me preocupe com o aspecto no dia-a-dia, porque o cabelo acaba por crescer. Mas porque no dia seguinte era o dia de imposição das insígnias. Mais, eu não comecei a não me reconhecer no espelho.  Mas antes a outra ainda se tentou desculpar dizendo que eu tinha pedido aquilo. Can you believe it?! The big fucking bicth!!! Quando ela me tenta tocar no ombro eu só consegui dizer entre os dentes cerrados de raiva: "Minha senhora, só lhe peço que não me toque. A sério!" Acho que a gerente captou a mensagem, senão a dita senhora tinha levado meia dúzia de pares de murros naquele focinho que ia aprender um novo significado para a palavra dorida. Conclusão: a gerente, sempre prestativa, ofereceu-se para comprar umas extensões e mas colocar no cabelo para tentar cortar como eu queria originalmente.

Num dia normal, em que eu estivesse no meu juízo perfeito, eu nunca teria aceite. Mas eu sentia-me desesperada com o cenário que o espelho me oferecia. Aceitei, esperei e depois começaram a colocar aquilo. As extensões eram loiras, pelo que eu teria de pintar também o cabelo e comprar um ferro para o alisar todos os dias, porque as extensões não ganham caracóis só porque nós queremos. Comecei a desejar coisas más à senhora que inicialmente me fez o "serviço".

Depois, chegada a mãe da gerente e dona da cadeia de calebeireiros em questão, decidiram pedir ajuda ao melhor profissional que eles têm. O senhor chegou pouco depois e começou por avaliar a situação. Esticou o cabelo tanto quanto conseguia para saber o tamanho com que estava e para determinar os erros que tinham sido cometidos. E, enquanto isso, eu só ouvia "hums hums" de reprovação.

Comecei a ficar preocupada, porque já tinha vinte extensões postas e o gajo parecia preparar-se para dizer que aquilo era desnecessário e eu não sabia como é que iam tirar aquela porcaria toda. Meu dito, meu feito. Ele lá foi sincero e disse que não havia nada a fazer. Que a única solução era melhorar o melhor que podia à frente para não parecer mal nas fotos do dia seguinte e esperar umas semanas para que o cabelo crescesse e se pudesse cortar o corte inicial, que eu tinha idealizado.

Depois disso foram as dores. Só vos digo, nunca me puxaram tanto o cabelo. O mais engraçado foi eu vir a saber mais tarde que a senhora que me fez aquele rico serviço se riu de mim enquanto eu sofria dores horríficas. Puta que a pariu! Depois de tudo o que ela me fez e do prejuízo que deu à patroa dela, ainda se ri de mim?!

Bom, a mim só me bastava aceitar a evidência. Já tinha tido que chegasse. Estive seis horas enfiada naquele sítio, tinha passado por dores que vocês nem imaginam e tinha o corte de cabelo mais estúpido que alguma vez me fizeram. Mas eu sou uma gaja com eles no sítio e sobrevivi a isso tudo. E apesar de não acreditar neles, tenho recebido imensos elogios ao corte.

Se volto a encontrar a gaja acho que lhe fodo a boca. Preparem-me a fiança!

1 comentário:

  1. Deve estar lindo! Publica lá as fotos... Também queremos rir... muito!

    beijo,
    FT

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