domingo, 18 de dezembro de 2011

Contínuo mo(vi)mento

Quanto tempo já passou?... Segundos, horas, dias, semanas, meses, anos?... Milénios?... Vive num constante ciclo de repetitivas mudanças. Agora, eternamente entediado observa o mundo a copiar-se, época atrás de época. Passado, presente e futuro misturam-se em memórias cruzadas. 
 
Por isso, o longo e distante futuro passou-se ainda agora. O distante e longo passado passou-se ainda há pouco. E, foi mesmo agora que a Coisa se aproximou dele, sorrateiramente e sossegadamente, a sugerir-lhe a eternidade. Tão simples, tão banal, como oferecer um doce a uma criança, irrecusável para um pobre velho, acabado como ele.
– Viverás para sempre. – Disse-lhe Ela. – Poderás experimentar tudo na vida, sem medos e restrições. Mas, a partir do momento que te fartares, guardarei a tua alma. – Quem é que com liberdade para viver eternamente se cansará da vida? - Pensou ingenuamente. E ingénuo, aceitou o logro da proposta.

A partir daí provou todos os tipos de prazer. Mais tarde, percebeu que podia deixar de direcionar os instintos básicos, para a concretização intelectual. Já não precisava de se preocupar em sobreviver e aos poucos, afundou-se no prazer carnal.
Passou do normal para o fetiche, do fetichismo para o sadismo e masoquismo, do sadismo e masoquismo para morbidez. Cada forma de prazer foi-se desvanecendo e a repetição do seu clímax foi-se tornando vulgar. É como fumar 40 cigarros por dia, fuma-se só porque se fuma, sem se tirar nada disso. É como comer 100 chocolates até vomitar enjoado.

Pouco lhe falta agora para a sociopatia e psiquismo. A dor é prazer, o prazer é dor.
Agora, cansado… aguarda… antes de se dissipar na loucura. Sentado no meio do campo aberto, aquece-se nas alaranjadas brasas. A noite vai-se prolongando, projetando e se desenrolando ao seu redor. E ele, sem prestar atenção continua… esperando… A Coisa sabe, já o sabia antes. Por isso, há de aparecer sem ser chamada, pois já o é em seu desejo.

 Uma brisa levanta levemente o fogo e ele ouve atrás de si o Seu suave sussurrar.
– Então?... É tempo. – Diz-lhe.

– Já é mais que tempo. – Responde despreocupado.
A Coisa aproxima-se e pousa a mão no seu ombro. – Não doerá.

– Que importa?... – Aos poucos foi-se sentindo sonolento. Enquanto olhava para o céu, o dia iniciava o seu despertar. O sol erguia-se no horizonte pintando em tons violeta as brancas e leves nuvens. O azul clareava, abrindo as cortinas para o horizonte mágico. O espanto voltou-lhe a bombear no peito, e antes de adormecer falou. – Pára… pára o momento… imobiliza o tempo.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

MoreThan 100Words

OK pessoal… Alguém me pode dizer se o MoreThan 100Words é algum novo culto religioso? É que, sinceramente, não consigo entender. Sempre que entro no Facebook aparecem-me dezenas de actualizações desta coisa, e por vezes dezenas, de uma única só  pessoa.

Primeiro, já não bastava aquele pessoal que actualiza o estado durante 24horas ao dia: “Arrotei agora, posta isto se gostas”, “Amo a vida, posta se sentes o mesmo”.
Tipo!...
Já não me bastava a publicidade durante meia hora na televisão, os mil e um panfletos que me enfiam na caixa de correio, a Meo e a Zon sempre a bater à porta, a Sumol a dizer: “se não beberes Sumol um dia vais pensar que sair à noite é ir pôr o lixo na rua”; já não me bastava a igreja católica, a ortodoxa e a anglicana dizerem para não fazer sexo antes do casamento nem usar preservativo, ainda tenho que levar com dezenas de imagens da MoreTham 100Words. Com frases pirosas, lamechas e idealistas que pretendem ter a pretensão de verdades absolutas. Género: “Segue os teus sonhos, não o que as pessoas dizem”. Eheh… Adoro contra censos...
A ideia até está porreira, para quem gosta destas piquices. Está original e criativa. Mas, por favor. Não passem 24 horas, mais mil e uma vezes, a clicar gosto no raio das fotos. É que depois, aparece mil e uma vezes no meu feed de notícias algo que eu nem aprecio, que acho banal, foleiro e piroso, como a publicidade da Optimos, TMN, ou Vodafone. E se dantes já não gostava, de repente, passo a detestar.
Por isso pessoal, se querem criar um novo culto religioso, não o façam em minha casa, e por favor não me venham cantar à porta todos os dias.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Um dos meus raros momentos a pensar em política.

Alguém disse: “podemos pensar numa política sem ética, mas nunca numa ética sem uma política.”
Ora aqui está uma interessante afirmação, mas antes de a poder comentar, penso que o melhor será tentar esclarecer do que trata a ética e do que trata a politica.
Em relação à ética, vou utilizar a definição de Fernando Savater: a ética ocupa-se de administração que cada qual faz da sua vida, para seu próprio bem.
No início, esta afirmação pareceu-me um pouco seca e insuficiente. Mas, mais tarde percebi porque Savater não especifica o que é o mal e o que é o bem, ou porque não acrescenta que a ética se ocupa da administração “justa” que cada qual faz da sua vida.
Porque o justo e o injusto, o bem ou o mal, dependem do foro individual de cada um. O mais importante é que ao definir o que é o mal e o que é o bem, estaria a delimitar o crescimento individual do sujeito. A ética não se ocupa em definir no geral quais as escolhas boas. Pois assim sendo cairíamos no determinismo, na recusa da responsabilidade e no fim da liberdade. Por isso, a ética só se ocupa em definir o bem individual.
Aqui entra a política. Ora, como o bem individual pode variar de sujeito para sujeito, a política trata de definir o bem comum. Implementa-o em códigos e leis, para que escolhas éticas não entrem em conflito. Mesmo assim, a política não decide o que é o mal e o que é o bem ético, apenas o organiza conforme as necessidades sociais.
Por isso a ética não pode existir sem política, pois sem esta seria o caos.

Estranhamente, pensar numa política sem ética já é possível, pois a politica parte de objectivos mais colectivos do que individuais. Pode muito bem utilizar métodos não éticos individualmente, para chegar a resultados bons para o colectivo. Por exemplo, obrigar os cidadãos a ir à guerra, autorizar a pena de morte, e por ai fora. Estes são exemplos que variam eticamente de pessoa para pessoa.

Infelizmente estas não são as únicas definições de ética e de política. Muitos outros pensadores apresentam outras ideias para a dualidade entre ética e politica. Alguns encaram a ética como conduta boa e afirmam que política não deve existir sem ela. Esta também parece ser a definição geral que as pessoas dão a ética. Mas cuidado com esta definição, pois o bem, como já disse, é subjectivo. E a política não consegue ser sempre subjectiva, mas consegue ser sempre objectiva.

Concluindo, depois de reflectir e “dar uns nós cerebrais” a pensar em ética, penso que o ideal seria dizer, não que devemos pensar uma política com ética, mas sim numa política humanista. Sendo assim, segundo as minhas definições, os nossos políticos realmente parecem ter muita ética, mas muito pouca humanidade.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Danos colaterais

Este está optimista,
Este foi ao pântano,
Este olha para baixo,
O pequeno foi para casa,
Este ficou incerto.
Cheiros se revoltam ao longo do meu… de mim. Paro, não vejo. O cinzento encobre. Tudo é o mesmo. Só uma rua cheira de dejectos.
Sombras colam-se aos prédios, nos seus muros, nas suas portas, nos seus passeios. Confundem-se. Confundem-me. Iludem-se que não estão. Fingimos que não são.
À parte de algo à parte.
Piso em merda, cheiro a merda, enjoa-me a urina que escorre para o esgoto. Ao lado comem, ao lado… sofrem, ao lado morrem…
A podridão cresce e apodrece, e eu esqueço. Lavo-me, perfumo-me, distraio-me, a urina está cá, só não me cheiro.
Este está optimista,
Este foi ao pântano,
Este olha para baixo,
O pequeno foi para casa,
Este, encosta-se a um beco…


quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Ruído

Em momentos de nenhum descarrego a monotonia e cansaço praticando o nada. Esses momentos começam com a minha chegada a casa, mortinho por me sentar no fundo e acolhedor sofá.

Normalmente a luz florescente está gasta e preenche a sala com uma penumbra baça. Ligo a televisão e passo a rasgar pela multi-apelativa publicidade dos canais generalistas. Esfregam-me irritantemente a felicidade no focinho e tentam-me emocionar com reflexões profundas, que objectivam querer-me fazer erguer o seu produto como uma bandeira.

Passo pelo novo método publicitário que utiliza humoristas conhecidos, insiro-me pelos noticiários e pelo humor irónico e sarcástico da política. Um pouco de crise aqui, um pouco de crise acolá, um pouco de crise acolá-cá e já me parto a rir com a insustentabilidade e irrealidade do gozo.
Sentado no sofá percorro em zapping reality shows, mamas e cús, Dr. Phil, Oprah, Querido Mudei a Casa, Tyra, Masterchef, Biggest Loser, CSI Miami, Las Vegas e Nova York, encho-me com os adolescentes vazios da MTV, passo pelas leis da natureza do Nacional Geografic e termino novamente numa publicidade de tampões da RTP 1.
Foi uma boa prática do nada, que em nada me satisfez. Sendo assim, levanto-me do meu amolgado lugar no sofá e passo para o meu amolgado lugar na secretária. Desligo a TV e ligo o PC. Passo do zapping para o scrolling e mergulho no facebook.
Da publicidade impessoal e industrial passo para a publicidade pessoal e caseira. Scrolo lentamente à procura de alguma informação, mas as vidas repetem-se umas a seguir às outras. Os comentários, ou se tornam demasiado pessoais, ou demasiado fictícios e não consigo escolher que vidas ver. Cusco aqui, cusco ali e culpo-me por me estar a tornar como as vizinhas cuscas que detestava.
É tanta informação a aparecer no facebook, actualizações de estado, fotografias, vídeos, músicas, likes, grupos, partilhas, aquisição de amigos, mais carradas e carradas de comentários que não interessam para nada, que se torna tudo ruído. Uma estática constante, formada por milhares de pontos de informação.
Sigo adiante num hipnotizante scrolling. Procuro desvendar algo interessante, mas depressa me canso e perco o interesse nos pensamentos das vidas das vidas alheias. É demasiado ruído para os meus olhos.
Cansado desligo o PC. Saio para a varanda e olho a noite já chegada. Acendo um cigarro… pensativo… e fico a ouvir a chuva a cair. Finalmente… um ruído que me agrada.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Só mais um ponto de vista

Sei que ainda não é Natal, mas o Esgoto de Ideias quer-se antecipar ao Continente, Pingo Doce e Shoppings. E como sinto o cheiro a chuva, a nevoeiro e a lareira acesa, aqui fica o meu voto de boa mudança de paradigmas. ;)

http://www.truca.pt/imagens_material/cartao_natal/natal.html

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Explorar o Inconsciente - A palavra do Centro


(Parece parvo, mas vale a pena.)

Este exercício utiliza pistas a partir de palavras contidas na mente consciente como forma de alcançar o material guardado no inconsciente. Escreve oito palavras no topo de uma folha de papel - podem ser quaisquer palavras, mas não devem formar uma frase. Em seguida, escreve outras oito palavras no fundo da página. Regressa ao topo e pensa numa palavra que ligue de algum modo as duas primeiras palavras escritas no papel. Se essas palavras forem <<árvore>> e <<lama>>, por exemplo, poderás escolher <<raiz>> como palavra de ligação. Passa para as duas palavras seguintes e continua a estabelecer ligações, trabalhando fila a fila, alternadamente, a partir do topo e do fundo da página. A certa altura, acabarás por descobrir uma palavra situada ao centro (ver diagrama). Que significado tem para ti essa palavra central ? Passa algum tempo a considerar essa palavra - será importante!?


http://www.di.ubi.pt/~paraujo/Curiosidades/ConscienteInconsciente.htm

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Muros


Eles nunca quiseram construir aqueles muros que os cercam,
Muros que os apertam.
Aos poucos foram-nos deixando entrar,
Sem proteger aquele lugar.

Porque nós sabemos,
E não queremos,
Calar,
Não magoar.

Nós queremos e não sabemos,
E não queremos nunca entender,
Que ali dentro eles são menos que nós mesmos,
São só aquele defeito,
São alguém p’ra mudar.


Nós nunca quisemos construir estes muros que nos cercam,
Muros que nos apertam.
Aos poucos fomo-los deixando entrar,
Sem proteger este lugar.

Porque há quem queira,
E há quem não saiba,
Calar,
Não magoar.

Há quem queira e quem não entenda,
E quem não queira nunca saber,
Que aqui dentro somos mais que nós mesmos,
Somos mais que este defeito.
Somos alguém p’ra amar.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

LAMIA

 

Lamia

LAMIA Devaneio da mente do artista…LAMIA A incerteza de conseguir rumo gerando a fé de remar no marasmo que pode ser a criação…LAMIA Antídoto da maleita de um passado mal escrito…LAMIA Em choque com o imaginário…LAMIA Com certeza o discurso da vitória sobre a pressão de sermos quem somos…LAMIA

http://www.facebook.com/pages/LAMIA/212704082115127#!/pages/LAMIA/212704082115127

Uma tardia, Gratidão ao Mário.

 

Antes de mais, e nas palavras de um Português que mais valia ter lavrado mesmo com os cornos contra um carro preto em vez de ficar rico a fazer publicidade para uma rede de distribuição de TV, O “novo” acordo Ortográfico é uma cena que me assiste… Porquê logo tu que és contra isso??? perguntam vocês… Porque se até então não sabia como se escreve, agora, não faço a puta da ideia como se faz!!!

De Seguida passo a agradecer ao Meu Amigo Mário que esse sim não deixa de me surpreender. Vai-nos enchendo as vistinhas o coração e as vezes a cabeça com  os seus valiosos, grandiosos, textos que se enquadram perfeitamente no registo deste BrilhanteLog que não quer mais que transmitir os que nos vai na mona.

Assim O meu, o nosso, o dos leitores(e quem não concordar tem mau gosto)

Voto de Gratidão ao Mário

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Career Tips

Miguel - Prós e Contras (20-06-2011)


Tenho dito isto vezes sem conta. Escondermo-nos atrás do CV construído no formato Europass, que é incompleto, impreciso e sinal de inércia, não tira ninguém do marasmo. É preciso "bater punho", ser criativo na forma como apresentamos a quem pode apostar em nós que somos diferentes, que nos destacamos dos outros. Para isso, podemos utilizar um sem número de técnicas de marketing, mas podemos começar pelo mais simples: o CV.


Se quiserem saber mais, vejam o vídeo ou falem comigo. ;)

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

O que é que justifica a violência?

Violência gratuita, espontânea, apreciada, exposta e difundida. Este é caso da “jovem espancada em Lisboa”. Estranho, mas não tão estranho.
Porquê? Primeiro, porque para mim a violência é sempre incómoda. Faz-me sentir nauseado, acelerado, alerta. Imagino a dor do agredido, transfiro-a para mim revendo-a novamente na pessoa, e sinto-me mal, podre.
Segundo, actos como este sempre aconteceram. Quantas vezes já vi porradas e espancamentos piores. A quantos amigos meus já não aconteceu isto e com muita sorte não me aconteceram a mim. Pelo menos nada de grave. Na minha escola era o “pão-nosso do dia-a-dia”. Agora, a única coisa nova nesta violência é a sua exposição nas redes sociais.
Mas, não é sobre isto que quero falar. Quero é falar numa questão que me surgiu ao ver um comentário de uma psicóloga na SIC, e sobre um comentário de uma colega das agressoras.
Obviamente que nos noticiários e na televisão tinham que colocar pessoas a discutir o caso. A dar de seu parecer, a rotular os agressores de malucos, “geração rasca”, jovens sem valores. A julga-los, para todos ficarmos mais aliviados e com o sentido de justiça preenchido. Foi neste campo que apareceu a psicóloga, a tentar fugir deste normal pensamento humano de popular linchamento. Dizendo que não estava ali para julgar ninguém, que os jovens que agrediram também são humanos.
 Infelizmente, ao se tentar desviar do julgamento e demonstrar imparcialidade cometeu o erro de não se exprimir correctamente. Principalmente quando disse que, ao ver as mensagens dos agressores e dos colegas no Facebook compreendia o propósito da sua agressão. Isto, aos olhos de quem não sabe ler nas entrelinhas e não entende que compreensão é diferente de aceitação, não vai parecer nada bem.
Outro ponto, ainda mais engraçado, que me fez relembrar desta história toda, é o seguinte. Hoje ao ver o telejornal, uma das colegas das agressoras afirmava: “elas agrediram porque ela chamou nomes e insultou a mãe de uma e porque traiu “não sei quem””. Foi aqui que me deu um flash nos neurónios.
É isto justificação para bater e agredir? Afinal, até que ponto se pode justificar a violência? É a simples humilhação por palavras razão para responder com punhos e estaladas? É porque se for, daqui a pouco mais vale pegar numa arma e matar quem que chateia, ou simplesmente tortura-lo, humilha-lo e domina-lo, realçando o meu poder sobre ele.
Até certo ponto eu compreendo, mas não aceito. Nunca aceitarei justificação alguma para a violência, só em defesa da integridade física que ponha em risco, ou não, a própria vida. Nada justifica a violência, nada! Mas, e se…?

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Um ser fútil

Existe uma coisa que me incomoda, me põe os miolos a ferver e o sangue a girar. Essa coisa é a futilidade. O fútil.
Não, não são as pessoas fúteis, nem os assuntos fúteis que me metem repulsa, ou nojo, ou raiva. O que me chateia é definição da palavra fútil e o conceito de “pessoa fútil”.
Vejamos, segundo o Dicionário Universal da Texto Editora de 2002, fútil é um adjectivo que deriva do latim “futile” e significa frívolo, vão ou leviano. Até aqui nada de mais.
Ora, indo ver ao Dicionário de Portugues-Latim da Porto editora de 2001, já se consegue acrescentar mais alguma coisa: “Futile (futilis) adv. Inutilmente, em vão”; “Futilis, e (fundo) adj. 1. que deixa escapar o que contém, que não retém, que não guarda; 2. frágil; 3. vão, frívolo, fútil, sem autoridade”.
Mas, por mais que eu procure no dicionário, não encontrarei lá o conceito de “pessoa fútil”. Sendo assim, juntando os significados anteriores e reflectindo nos contextos em que a expressão é utilizada, diria que “pessoa fútil” é: sujeito que se ocupa com inutilidades e as sobrevaloriza; que não analisa a profundidade dos assuntos que o rodeiam limitando-se ao superficial; por isso, é frequente cometer erros de análise precipitados.
Penso que esta é uma definição aceitável. Uma definição que consigo aplicar a algumas pessoas. Infelizmente e habitualmente, quando aplicada esta expressão em contexto usual, esta vem carregada com uma conotação negativa, estereotipada e preconceituosa. Ou seja, quando determinado assunto, ou modo de viver, é para nós fútil ou inútil, rotulamos determinado sujeito de fútil. Quase como se ele fosse burro, como se a sua alma fosse oca.
E é isto que me incomoda. Esta definição corriqueira de “fútil”, a capacidade indiscriminada de considerar alguém fútil. E eu questiono-me, existirá mesmo alguém fútil?
O que é inútil para mim é de extrema importância para outro, e vice-versa. O bom, mau, bonito, feio, útil ou inútil são conceitos subjectivos, dependem individualmente de sujeito para sujeito. São quase como conceitos “indiscutíveis”.
Sendo assim, continuo a perguntar, haverá mesmo alguém fútil, oco, sem profundidade de mente e alma? Quem é que gosta de ser chamado de fútil? Alguém se quer considerar assim?
Acho que um ser humano é complexo de mais para poder ser considerado de fútil. Talvez classifiquemos alguém assim, devido à nossa incapacidade de entender e compreender verdadeiramente o outro. Temos que ver que “cada cabeça um mundo”, ou “uma cabeça milhares de mundos”.
Por isso, é preciso ter cuidado quando classificamos alguém de fútil. Esta pode ter como base uma análise precipitada e superficial do sujeito que está à nossa frente. E isso sim, isso seria verdadeiramente uma análise fútil.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

AnaLógica


fotografia cedida por Ana Lógica
 edição de Ana Lógica

É estranho o mundo que me surge em frente. Mas, mais estranha é a lógica por detrás da lente. Uma verdade abstracta envolve os dois. Concentro-me, lá, ali, bem no fundo de mim mesma, e imprimo a realidade que me cerca. Acaricio-a gentilmente.

Tacteio a sua superfície, absorvo lentamente a sua irregular regularidade, inalo a subtilidade do seu odor e provo o seu agridoce paladar. Foco-a atentamente, aspiro a sua alma.
E é nesse lugar desconhecido, distante e incompreensível. É nesse oculto laboratório vermelho de mim mesma, que, movimento a movimento o tempo se vai desvanecendo. Fundo-me com a essência que absorvi e fluo num fluxo fluido de conexões. Transformo-a, transfiguro-a, junto-lhe um pouco de mim e ela dá-me um pouco de si. Somos as duas mais um pouco, sem nunca deixarmos de nos ser.
Agora, a Analógica máquina projecta-a, projectando-me, progressivamente e instantaneamente num flash.
texpo de Mário Silva 



domingo, 26 de junho de 2011

Os Ossos do Arco-íris

"Deixo aqui um enxerto de um grande senhor do fantástico e do horror: David Soares; embora esta parte me tenha fascinado, não devido à fantasia, mas devido à crua, irónica e sarcástica descrição, do real."

Marisa aguardava pelo autocarro. Não estudava em Usina dos Limoeiros. Os pais deixaram a casa de Loures quando faliu a empresa onde Césio era empregado. Barbara não trabalhava e as poupanças do casal não permitiam a permanência na casa grande que alugavam nas traseiras da Junta de Freguesia. Mudaram-se para o local mais barato que encontraram no catálogo imobiliário: Usina dos Limoeiros.
O homem era camionista e a empresa para a qual trabalhou durante onze anos, a Transales, enviava-o regularmente para Itália e para Inglaterra. A companhia não teve hipótese de competir com as suas rivais mais ricas e os investimentos aplicados na modernização dos equipamentos foram um golpe irrecuperável no seu capital. Fecharam. Alguns camionistas conseguiram colocar-se em outras companhias; umas melhores, outras piores. Césio foi contratado por uma das últimas.
Tinha jeito para aprender línguas e falava muito bem o italiano e o inglês. O que mais gostara de ver em Inglaterra foram os corvos que procuravam nas estradas objectos caídos dos carros. Eram como os pombos de Lisboa, pensou, mas mais barulhentos; não tinham medo nenhum. Nunca viu corvos tão grandes na estrada que subia de Southampom para Birmingham. O verde inglês lembrava-lhe a vegetação invernal de Bucelas; o mesmo tom verde-escuro, quase preto sob o céu de chumbo.
A Itália era mais luminosa, mais suja. Visitou Veneza e imaginou que os seus cidadãos viviam sobre um esgoto: a cidade fedia! Não gostou muito de Itália. As italianas eram mais bonitas que as inglesas, contudo.
Nunca enganou a mulher; a não ser que se considere traição passar umas horas na companhia de uma prostituta num bar dalterne, a duzentos metros da auto-estrada, uma noite ou outra. Não era. Era apenas foder; como se saltasse do camião para urinar. Normalmente ausentava-se durante meses; tinha de foder alguém, algures.
A primeira vez que Barbata chupou o pénis do amante engoliu o esperma; algo que nunca fizera com o seu marido. Sentiu-se ousada. E agoniada. Pensou que ia vomitar, mas o enjoo desapareceu depressa, deixando-lhe um sabor a manteiga salgada na boca, como se tivesse comido a pior torrada da sua vida. Que mais havia para fazer sozinha em casa? A filha estava na escola a fingir que estudava e o marido estava a viajar a fingir que trabalhava e ela estava a aborrecer-se a fingir que vivia. Por isso trajava o seu melhor vestido, o mesmo que levava à missa aos domingos, e aguardava que o amante a agarrasse com as suas mãos grandes e a levasse para a cama. Não era trair – amava Césio de uma forma doméstica e previsível –, era apenas foder. Normalmente o seu marido ausentava-se durante meses. Tinha de foder alguém, algum dia.
David Soares, em “Os Ossos do Arco-íris”
http://cadernosdedaath.blogspot.com/

segunda-feira, 9 de maio de 2011

O peixe morre pela boca...


Portugal tem uma História, sem dúvida, fantástica, que nos deve encher de orgulho. É, por isso, que agora nos devíamos encher de vergonha, admitir que votámos em pessoas que esbanjaram o dinheiro que não era nosso, com o nosso consentimento, debaixo do nosso nariz, sem que tivéssemos nunca julgado justamente quem merecia. É, por isso, que deveríamos mostrar-nos humildes face a um mundo que devia poder esperar muito mais de nós. Em vez de sermos, como dantes, um exemplo, uma autoridade, somos os corruptos, os preguiçosos, os dependentes.
Não gosto do tom arrogante com que este vídeo se dirige aos Finlandeses. Eles não nos devem nada a não ser um puxão de orelhas enorme, que deve servir de estímulo para que nos recomponhamos.
Para além disso, Arigato é uma palavra Portuguesa?!

quarta-feira, 6 de abril de 2011

O Campeão de sempre!

Palavras para quê?
Os meus sinceros Parabéns e mais uma vez obrigado por nos fazeres orgulhosos!
FCP sempre na vanguarda! Este é o nosso destino.






Cump,
FT

quarta-feira, 30 de março de 2011

Espanha não é tão diferente de Portugal !!!

bandeira-portugalueflagspain

Depois do descalabro desportivo após o Mundial já todos sabíamos isso mas fica mais um exemplo… de um qualquer autor europeu (certo que era tuga) mas escala de qualquer pais da União.

 

UNA PROFESORA EN UNA ESCUELA LES DA COMO DEBERES A SUS ALUMNOS INVESTIGAR DE QUE MANERA FUNCIONA EL PAIS.

POR LA TARDE AL LLEGAR A CASA UNOS DE LOS NIÑOS PREGUNTA: PAPA, COMO FUNCIONA ESPAÑA???

—- TE LO VOY A EXPLICAR CON UN EJEMPLO, COGE TU CUADERNO Y ESCRIBE:

MI PAPA ES EL GOBIERNO, PORQUE EN CASA MANDA EL.

MI MAMA ES LA LEY, PORQUE ELLA IMPONE EL ORDEN.

MI ABUELA ES LA PRENSA, PORQUE ESTA ENTERADA DE TODO.

LA EMPLEADA ES EL PUEBLO, PORQUE HACE EL TRABAJO DURO…

y el niño dice…

Y YO SOY LA JUVENTUD Y MI HERMANITO ES LA ESPERANZA DEL MAÑANA!

——- AHI ESTA,!! YA TIENES TU TAREA RESUELTA-

–A MEDIA NOCHE, EL NIÑO SE LEVANTA AL BAÑO Y ESCUCHA RUIDOS
EN EL CUARTO DE SERVICIO Y SORPRENDE A SU PADRE CON LA SEÑORA DE LA LIMPIEZA,
ASUSTADO CORRE AL CUARTO DE SU MADRE Y LA ENCUENTRA DORMIDA
- VA A LA HABITACION DE SU ABUELITA PERO ESTA SE ENCUENTRA VIENDO LA TELEVISION.
AL VOLVER A SU HABITACION ENCUENTRA A SU HERMANITO
CON EL PAÑAL SUCIO Y EXCLAMA CON ASOMBRO,

AHORA ENTIENDO TODO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

EL GOBIERNO SE FOLLA AL PUEBLO,
MIENTRAS LA LEY DUERME COMO UN TRONCO.
LA PRENSA PIERDE EL TIEMPO EN TONTERIAS,
LA JUVENTUD DEAMBULA DESORIENTADA Y NADIE LE HACE CASO…
Y LA ESPERANZA DEL MAÑANA ESTA DE MIERDA HASTA EL CUELLO!

segunda-feira, 21 de março de 2011

Conversa a dois!!! (solução para o país em ruínas)

 

baloesdialogodois ou tresdialogo

Qualquer coisa como 6h da manhã, hora local em Paris. Dois amigos distantes por fronteiras físicas mas não da amizade, encontram-se no msn, começam então a falar, como habitualmente fazem.
E é então que em tom de brincadeira acaba-se por, ainda que, apenas alicerces, surja uma nova iniciativa de deitar a mão ao que ainda sobra do nosso pobre País...

Montereal:
Oi boiola tudo bom?

Filipe Teixeira:
Tudo legal panisgas!

MR:
Vai falar brasileiro ao car@lh#

FT:
D´accord putain

MR:
Mete o francês na rondelle

FT:
Que pinta, pelo tempo que demoraste foste ao google translator...

MR:
Claro, mas já decorei

FT:
Voilá, c´est ca!

MR:
Vai pó car@lh#

FT:
Vou vou... Anda comigo,sempre era mais engraçado!
E barcos?

MR:Á vela que o petróleo está a dar as últimas

FT:
Eólicas, é o que está a dar, o Japão está a apostar forte, os ventos lá são poderosos

MR:
Lá é mais nas marés, as ondas são potentes

FT:
É bom para o surf, as pranchas têem é de ser de uma mistura de carbono com titânio....

MR:
Que contas?

FT:
Nada filho!
Estou de folga amanhã...estou a dar uma vista de olhos no face, e amanhã não tenho nada de especial para fazer... acho que vou ressacar o dia todo! :D

MR:
Eu Vou ajudar o broa a pintar a sala
FT:
O das alheiras!

MR:
Sim

FT:
Que sala? A tua ou a dele?

MR:
A dele

FT:
Ah, está bem, andas a pagar ele ter andado aí na cozinha, fazes bem!

MR:
É à vez!

FT:
Fazem bem, uma mão lava a outra... (as duas lavam o cú!)
E aí por casa, já acabaram as obras?

MR:
Népia, está quase

FT:
F#d@s$e, estou a ver que quando aí for ainda me vais cravar para dar uma mãozinha!
Cuidado que vou de férias, farto de trabalho ando eu! ;)

MR:
Acho e espero que não!

FT:
Oh filho... Deus, nosso Senhor me castigue, car@lh#!!!E esta semana me saia os 136 milhões...

MR:
Esta m€rd@ está negra, vão arrumar com o Sócras e ainda vai ser pior

FT:
(risos) Eu para mim, era colapso total e começar do zero!

MR:
Vão dizer que foi ele que f#deu esta m€rd@ e depois e que vai ser cortar, colapso era rebentar a p#t@ da central no Japão e o Oriente ir com a pi$$@...
O último restart económico foi há 90 anos, mesmo que houvesse outro durava para aí mais 45... ainda por cima o petróleo em 70 já faltava... imagina agora!
Não começem a pensar em energias renováveis que explorem mais do que custam e vais ver onde isto vai parar!

FT:
Não sei se estaremos cá para ver, ouvi dizer que o Mundo acaba em 2012

MR:
Isso já é antigo e tendo em conta quem preveu, dá pa ter medo,,,
Foi lá os Incas ou Aztecas ou a p#t@ que os pariu!

FT:
Quero que se foda, desde que não me acordem se estiver a dormir...

MR:
Quem fez aquelas pirâmides malucas sem máquinas, mais a cidade do Perú, certamente errava menos do que noz!
Nós. A noz é de comer.

FT:
E alguns de nós também... :D
E se tentassemos meter o Herman no Governo?

MR:
Não, tem de haver melhor

FT:
Hum... tenho algumas boas sugestões...
Que tal o Mourinho?

MR:
O pelouro do desporto não sabia que fazer com tanto dinheiro
FT:
Finanças, desce!
Administrçao interna, avança!
Desporto, acompanha!
Educaçao, substituiçao... algo deste género...

MR:
É demasiado táctico, tem que ser mais corção mas nada muito á "Querida Júlia"

FT:
corção??????????????


MR:
Sim, aquela m€rd@ que bate mas sem o "a" de arritemia

FT:Aah, o coração então... ok, isso sei o que é! ;)

MR:
Certo!

FT:
Pois, algo com coração? Hum... Fica difícil assim.
Conheces alguém com coração, predisposiãao política e suficientemente respeitado para fazer avançar o país?

MR:
Talvez eu! Até preciso de emprego, e sou respeitado por cerca de 4 pessoas

FT:
Esquece, comes muito, ias aumentar as despesas dos cofres públicos...mas voto em ti!

MR:
O comer não ocupa espaço

FT:
Mas se não comeres ficas com um espaço no estômago. Já agora...
O provérbio não é:
"O saber não ocupa espaço?" (risos)

MR:
O saber não produz metano e a m€rd@ sim, já resolvemos uns quantos problemas energéticos! Sempre a considerar e a inovar

FT:
Ok, na pior das hipóteses se não fores tu candidato a 1º ministro, candidato-me eu, e se for eleito descansa que terás um ministério para ti

MR:
E já tens um voto, e consigo garantir uns três mais...

FT:
Ficas com: "Ministério da Tecnologia, Energias, Desenvolvivento, Empreendorismo, Tasquinhas onde se coma bem e Test-drive de carros de Luxo"

MR:
Mais:
Ministério da Agricultura (do grelo), Pesca(do berbigão), e Criação de Gado(bovino e caprino)

FT:
(gargalhadas) Esse podemos deixar a cargo do Reinaldo Teles

MR:
Tá bom, pode ser

FT:
Secretário de Estado da "Fruta", Pinto da Costa ;)

MR:
Olha lá e a pasta da Educação vai para quem?

FT:
Carlos Cruz e Bibi, boa aposta?

MR:
Ai Jesus... Não, uma coisa mais séria

FT:
Jesus? Esse não quero no nosso Governo... Nem o slb treina em condições...
Uma coisa mais séria para a Educação? O Cavaco podia bem ainda ir dar umas aulinhas...

MR:
Temos de ter uma mulher para aguçar a BIC

FT:
A Manuela Moura Guedes está desempregada não?

MR:
F#da$$e, essa aguça as BICs todas ao mesmo tempo, um ministério da educação conjunto entre esta e aquela~

FT:
Melhor, são muitos no governo, assim estamos a gerir bem as produtividades...
A Educação deixa me sempre sem criatividade...
Minitério da Economia, o tio Belmiro?

MR:
O Jerónimo que dá com uma mão e tira com a outra, ou os dois, para se contrariarem e tu decidires, para haver assuntos polémicos na economia!

FT:
Administração Interna podemos sempre pôr o Major Valentim...
Será que adoptaria uma política do género da de Gondomar? Um frigorífico a cada família de oferta... Na Administração Interna, será que oferecia uma caçadeira a cada familia? ;) O Paulinho das Alheiras fica a secretário da AI

MR:
Chefe de Estado Maior do Exército é Paulo Gomes

FT:
O Eanes já morreu?
Obras Públicas, Engº Carlos Dias. Sempre inacabadas, tal como o curso dele! :)

MR:
F#da$$e, vai ser só coretos e casas da Música!
É capaz. E a Cultura?

FT:
Ela ia gostar que nos lembrássemos dela, a Leila

MR:
Está aí... A tua ministra da Educação! (sem BICs)

FT:
Realmente, como é que me foi escapar...?
Cultura!?! Jorge Palma, sem estupefacientes! ;)

MR:
F#da$$e, lest-me o pensamento, com um finex e um shot de jack , ainda destroca.

FT:
Estás a imaginar-nos na Assembleia da Républica e ele a pedir aos deputados... "encosta-te a mim..."
em vez de : "srs. deputados juntem-se a mim neste decreto-lei"...

MR:
E para te pedir mais dinheiro : "sinto-me fragil"

FT:
ahahahahahahah "...dá-me lume!"
Sr. ministro, é proibido fumar dentro da AR. :D

Ministério da Defesa! Líder dos Super Dragões!

MR:
É bem..

MR:
Ministério dos Negócios com Estrangeiras com tendência a dar Estrangeirinha último mas não menos importante, CR7 ou 9 ou CRX vtec, Cristiano Ronaldo!

FT:
Eh pá, isto está mais ao menos encarreirado....
Para quando são as eleições?

MR:
Eleições para ontem!

FT:
Temos de nos apressar então, vou ligar para a Moderna a ver se ainda me despacham os diplomas de Doutores ainda amanhã...
Queres ser doutor de quê?

MR:
Engenheiro de Energias Renováveis...para condizer com o ministério...
E tu?

FT:
Porreiro!
Oh pá, Medicina, vou ver se dá pa pedir já também diploma com especialidade, vou pedir ginecologia... Assim se esta coisa de governar o país der para o torto... sempre consolo as vistinhas depois...

MR e FT:
(gargalhadas)


Vêmo-nos na Assembleia da Républica!
Saudações Esgotistas

Cump,
FT, MR

sábado, 19 de março de 2011

Vai um manguito à Zé Povinho! (1)


Tendo em conta o estado em que o nosso país se encontra, talvez nos devêssemos perguntar primeiro: qual é o verdadeiro problema de Portugal? Talvez a maioria das pessoas ficasse surpreendida quando realizasse que o problema real, profundo, crónico até, não passa pela governação, pelos políticos, nem pela situação económica internacional. Talvez se surpreendessem com a constatação de que estes são sintomas de algo que é uma culpa que não vem de cima, mas de dentro, de si.

Ao longo dos anos, séculos, o Português perdeu aquelas características únicas que muitos consideravam pouco evoluída, de baixo nível. 

O Português era um homem ou uma mulher sem vergonha na sua profissão, fosse ela uma padeira, ou um poeta. O Português consumia o que era seu, não porque era nacionalista ferrenho (ainda que o fosse convictamente), mas porque o seu era o melhor que alguma vez poderia encontrar. O Português era alguém ponderado, convicto dos seus princípios e crenças. O Português não abria mão da sua honra, do seu trabalho, nem dos frutos deste. O Português era uma pessoa que se esforçava ao limite pela sua família, mas também pelo seu país. O Português não mendigava, não por vergonha, mas por orgulho. O Português sabia o que conseguia realizar pelas suas próprias mãos e não aceitava nada de ninguém que não fosse merecido. O Português viajava e absorvia a beleza de cada lugar, mas mantinha a sua identidade. O Português sempre aprendeu rapidamente qualquer idioma, mas escrevia a alma sempre na Língua da saudade. O Português primitivo, hoje visto como labrego, como sujo de terra e de ideias retrógradas nunca faria uma manifestação exigindo que lhe resolvessem os problemas. O Português, sem baixar a cabeça ou os braços, suaria as estopinhas para conseguir pelo seu próprio pulso tudo quando desejasse. O Português encarou a fome, a dor, a perda como parte de um caminho de realização, de sucesso. 
Nunca ouvi o meu bisavô dizer mal de um Português. Nunca o ouvi desonrar Portugal. Este orgulho na Pátria que a ditadura desvirtuou e que a "revolução" ridicularizou, retirou-nos muita identidade, muitas das qualidades que nos fizeram grandes e fortes. Todas as vezes que sem merecer, um português recebeu ajuda, subsídios, fundos comunitários, entre outras chupetas que fomos aceitando, o seu orgulho, a sua força, a sua identidade mirrou.

Hoje, vejo rejubilar uma geração "à rasca", que pede mais chupetas, porque não consegue viver sem a mamã(a). Quem é que os pôs lá? Quem é que por votar errado ou não votar de todo lhes permitiu que um Primeiro-Ministro associado a praticamente todos os casos de corrupção política da última década, fosse o Chefe do Governo? Quem pela força da sua própria inércia lhe permite que tenha algum poder sobre si?

O poder que eles têm é virtual. Assenta no controlo que cada um lhes permite na sua vida. Nem o poder legislativo, nem o judicial, nem o executivo controlam se isso não lhes for permitido por quem é controlado.

Tanta gente e ninguém teve coragem de avançar medidas corajosas, desobedientes, duras, difíceis de manter? Aqui vão algumas: votem em branco (o regime acaba por cair); não respondam ao Census e não paguem a multa que eles vão mandar, não vão ao tribunal quando vos chamarem para dizerem porque não responderam e não pagaram; não paguem as portagens, nem as propinas, nem os impostos, nem as taxas, nem nada com que não concordem; não façam nada só porque vos mandaram; ouçam para além do que eles dizem; leiam mais e pensem mais. Se forem presos por defenderem os vossos princípios, já ganharam. Mas não há cadeias, polícias, tribunais para um conjunto determinado e preserverante de indivíduos que lute pacificamente por uma mudança verdadeira, dura, mas fortalecedora. Nem um Exército pára a força de um país com sede de melhoria.

Se um dia, com a desculpa da segurança da "comunidade", vos mandarem enfiar um chip no cú, pensem antes de obedecer. Não se admirem com a expressão. Eu falo em bom Português. E não se surpreendam com a sugestão de medida, porque a maioria da carneirada já tem o chip no carro, só porque lhes mandaram. Agora, insurgem-se com as multas que os chips permitem passar. Que parvos que são, de facto!

Voltas no túmulo dá quem nos permitiu um dia erguer uma bandeira com castelos azuis e um escudo impenetrável, por todas as vezes que nos prostituímos a um estilo de vida confortável, mas preguiçoso. Mais vale deitar no lixo os versos de Camões, Pessoa e todos os outros que um dia foram abençoados por uma Língua difícil, complexa, linda, maior, erguida em bases de rocha. Uma Língua que evoluiu naturalmente, na boca de um povo de peito erguido e de face roxa do trabalho ao sol. Uma Língua que se esquece e abandona por um mercado internacional mais apelativo que fomos NÓS a criar, a permitir, a educar. O Zé Povinho é uma marca de confiança, de revolta, não contra os que não lhe dão o que ele quer sem pedir nada em troca, mas de quem é capaz de fazer um manguito a todos aqueles que se atravessam entre ele e o seu objectivo de vitória.
Perda de identidade é do que nós sofremos. Não sabemos onde está a nossa fronteira física, linguística... Não sabemos de onde viemos, o que já conseguiram em nome da nossa terra. A maioria dos ditos portugueses nem sabe que se tivessem orgulho no que já se fez em nosso nome - porque nós somos as gerações vindouras do nosso passado - se escreviam sempre como Portugueses de Portugal!

E assim é clara a mediocridade em que caímos. Ninguém dá o seu melhor por nada. Ninguém vê no obstáculo, na dificuldade, um desafio, uma meta. Só se ouvem queixas, lamúrias de gente fraca, empobrecida de ideias, de ideais, de tudo. Mesmo sem Novo Acordo Ortográfico, são muito poucos os que ainda sabem falar ou escrever a Língua Portuguesa.
Eu comecei este texto com vontade de falar de Desobediência Civil. Queria acreditar que fosse possível haver nesta terra gente suficiente para levar a cabo a mudança que ela precisa. Que houvesse dignidade suficiente entre nós para que os ideais fossem mais fortes que a necessidade de conforto, de segurança que nos incapacita mais a cada dia. Ir para a cadeia é um orgulho quando é feito por algo maior. Mas abandonar o sofá, a preguiça, a mediocridade exige dos portugueses muito mais do que aquilo que lhes resta para dar.

Vale a pena dizer a alguém que troça com os velhos porque eles dizem que nós não sabemos o que são tempos difíceis, que eles têm razão? Que a nossa prepotência é absurda face a uma pessoa que sustentou a família com uma sardinha por dia, para quatro pessoas! Que andava descalço e lavava a roupa à mão no rio gelado! Que trabalhava desde o amanhecer até ao pôr-do-sol para ganhar uma miséria, mas que era toda merecida. Toda! Que educava os filhos duramente, não por falta de amor, mas por causa dele. Que lhes ensinava como resistir aos estalos da vida, às pedras do caminho, às amarguras da perda.

Não sabemos o quão ingratos somos para com esses velhos que andam entre nós, humildes, de costas vergadas, rezando por nós, usando os trapos de há 20 anos, porque não sabem viver na luxúria, na prepotência, na arrogância que a fraqueza nos permite. Eles, sim, são explorados, enganados, gozados. Eles ainda hoje passam fome. E não é o Estado do Governo que os abandona todos os dias. São os filhos e os netos e os bisnetos que se afastam quando as suas mãos enrugadas, calejadas, cansadas, mas esperançosas lhes tentam tocar, abraçar. Não para pedir, mas para dar. E são muito superiores do que qualquer milionário. Porque eles têm muito mais para dar na sua mão vazia. Eles têm neles ainda o Português que a geração fraca, destruída, desnutrida de cultura e inteligência que se manifestou neste sábado na rua.

Geração à rasca, não. Geração rasca mesmo. Geração que não usa o que tem para nada. Que não sabe o que quer dizer ser Português. Lutem por algo maior que o vosso umbigo. Encham a vossa casa de velhos e aprendam que a luta não se faz na rua, ao Sábado, entre amigos e música. Encham o vosso coração de orgulho, de nacionalismo de 1143 e cresçam. Não abram a mão a pedir, fechem-na num instrumento e labutem. Não escolham os instrumentos bonitos, mas os úteis, os práticos. Agarrem qualquer oportunidade para melhorarem. Querem mudar alguma coisa? Comecem por vocês mesmos!

Já me dizia o meu avô, um dos meus velhos: "se fores a melhor, vais ser tu a escolher e a recusar." Trabalho para isso, avô. Para saber o que é ser melhor. Para saber o que é ser Portuguesa, não no papel, mas no coração e na identidade. 

Um manguito a todos os que sucumbem à sua própria fraqueza. Um brinde a todos os que se elevam em si mesmos!

(in whitystuff.blogspot.com)

quarta-feira, 16 de março de 2011

O esgoto está de volta, nova temporada!









Finalmente, hoje, passavam cerca de vinte minutos das onze da noite, fiz uma pausa
no trabalho, deparei-me então com uma estranha mas boa sensação, sensação essa que me fez sorrir... Pois é, estava de casaco vestido, como habitualmente, mas desta vez, estava a mais, parecia-me mesmo uma noite de Primavera! Acabaram os dias de frio, chuva e neve, verdade seja dita, não me deixam saudades... Espero que esta pequena brisa "pré-verão" se mantenha, pelo menos já me deixa com um pequeno mas bom odor a férias no ar, e quando isso acontecer meus amigos, venha a FESTA! 2011, que vos posso eu dizer deste novo Ano? Só sei que está tudo igual, aliás, pior, melhor nadinha de nada... Nem ligo o televisor com medo de me ver a mim próprio numa tragédia... Flashforward?!? Hum, diz-vos algo? Pois é, o mundo não está para brincadeiras, e se eventualmente se se confirmar que o mundo acaba em 2012 (tal como no famoso filme "2012") não desesperem, eu conto estar em algum sitio bem pacato, com uma paisagem lindíssima, numa espreguiçadeira daquelas baratas, com um chapéu de sol bem colorido, a beber uma Coca-Cola com gelo e limão e a pensar... Fodasse, lá vou eu ter de ir trabalhar novamente amanhã... O Esgoto de Ideias está de volta, numa temporada que promete! Saudações da rede de Esgotos mais famosa do Planeta.

Cump,
FT